segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Amor perfeito

Eu gostei muito dela e a amei de todos os jeitos e por muito tempo. Talvez tempo demais, vai saber. Esse amor teve muitas fases e todas diferentes.

Houve o tempo da carne e do desejo, hormonal e intenso como se espera de todo começo. Era o tempo do cheiro, do gosto e de toda vontade que eu nunca matei. Fase de invadi-la por todo lado, entrar em suas roupas, na tua boca, no teu peito, à força.

Como todo amor, veio o tempo da saudade e da lágrima solta sem aviso. Da distância que só fazia crescer e o tempo empoeirando aquela valsa mal dançada que primeiro nos uniu. Tudo que eu queria era um pedaço sussurrado do pensamento dela. Um grito desesperado chamando meu nome.

Foi-se tempo e lembrança demais. Mais do que se podia ou devia ter. Uma ou outra carta perdida, juras sem verdade e nunca mais. E era doce esta época de lembrança, de amor de infância, de como será? Passo a passo, vida de outras gentes, e outros sonhos.

E eu gostei muito dela e a amei todos os dias e de todos os jeitos e por tempo demais. Tempo suficiente para se tornar terno e morno. Tempo suficiente para que a experiência maltratasse o coração e trouxesse a calma que cedo ou tarde acaba por chegar.

Foi um amor contemplativo e platônico, cheio de cartas escritas que nunca serão mandadas. Foi um amor teórico em prosa, verso e métrica. Foi um amor do melhor jeito que eu sei amar. Manejando palavras e sonhos.

Foi perfeito, não houve oportunidade nem de macular este amor. Eu cuidei dele todos os dias por 10 anos ou mais e ofereci tudo o que havia de bom dentro de mim. Ela chorou em silêncio algumas vezes quando lembrava, mas nunca cedeu. Me manteu longe e eu gostei muitodela mesmo assim. Foi o amor mais bonito que houve, mas ela não quis.

Marcadores: , ,