Historiazinha
87 canais. O mundo inteiro no controle remoto da TV a cabo e a última coisa que ele pensava em fazer era passar, mais uma vez, por cada um deles. Abriu mais uma cerveja e pensou no radio: “ninguém melhor para fazer companhia!” Ledo engano, era tarde de Domingo e tudo que se ouvia eram jogos de futebol, comentaristas esportivos e “tá lá um corpo estendido o chão”. Não que não gostasse de futebol. Era até simpatizante, mas não naquela hora.
A tela da tv refletia toda disposição do sol lá fora. “A alegoria da caverna”, pensou e riu sozinho. Sem graça. Remexeu papéis velhos à procura de alguma rima a terminar, se cansou antes de encontrar. As paredes brancas, o chão branco, o pensamento branco. Era tédio, sem dúvida. Queria cor, barulho, movimento. Policromia de sensações.
Passou a mão pelo celular e descobriu que não havia ninguém para ligar. Como pode? Logo ele que conhecia o mundo inteiro. Olhou pela janela, andou de um lado para o outro. Não teve jeito, ligou o computador.
Ela estava toda molhada. Cabelos bagunçados e camiseta velha. Exausta de lavar o carro que, mesmo pequeno, nunca pareceu tão grande. Pelo menos voltara a ser preto e brilhante. “Que beleza!” É preciso dizer que ela odeia lavar o carro, mas foi a primeira coisa que pensou para sair daquele sofá preguiçoso. Lavar o carro realmente era o último dos seus planos pr`aquele final de tarde. Planos, todos os que tinha haviam ironicamente dado errado. “Melhor parar com isso.”
Saiu do banho se sentindo nova em folha. Cabelos molhados e perfume – nunca esteve tão linda, mesmo que ela não soubesse. Olhou os papéis em cima da mesa. Coisas para não esquecer: A amiga e suas dúvidas bovinas. Ela não gostava de bovinos, mas gostava da amiga. Ficou de ajudar. “Mais tarde.”
Tentou um ou dois números que lembrava de cabeça. Caixa Postal. O sol lá fora insistia em provocar todo movimento. Era exatamente o que precisava, movimento. Queria um pouco de desordem e barulho. Fitou o céu por um segundo. Silêncio... Silêncio. Ligou o computador, mesmo sem querer.
A tela azul reflletia em seus óculos, o bem-vindo do Windows não o convenceu. Era a última companhia que ele queria ter. Ligou a música mais o mais alto que podia, não queria ouvir nem seu pensamento. Deitou um pouco mais na cadeira, “é isso aí, como a gente achou que ia ser”.
Chegou a arrumar a bicicleta, carregou o iPod, trocou de roupa. Desistiu umas 10 vezes antes de sair. Não queria ir sozinho. Estava quase conformado em ficar em casa. Escolheu outro filme, pensou no livro queria terminar. Cantou com o rádio o refrão.
O apito do MSN quebrou o silêncio, mesmo com tanto barulho não havia nada a ouvir. “Can´t find a better man”. Se arrumou na cadeira, clicou sobre o nome. Fazia anos que não se viam. Poucas vezes se falaram nesses anos todos. Lembrava dos cabelos e das cartas nunca assinadas, pouco mais que isso. Ainda ontem estavam no vestibular. Era ela.
Estava entretida entre o mouse e o controle remoto, malditos seriados que não se consegue deixar de assistir. Estava com o laptop no colo, arrumando a toalha no cabelo, pensando em tudo que tinha que estudar. Ela era quase pós-doc, sempre havia algo a estudar. Achou estranho quando abriu aquela janela azul. Era ele dizendo olá. Respondeu mais por educação que por vontade. Tinha que secar o cabelo, colocar uma roupa, tinha que estudar. Ele perguntava se estava tudo bem. O ER já ia começar. Ele continuou falando. Perguntou o que ela andava fazendo, as novidades, os planos, as vontades. Lembrou de várias histórias, de coisas antigas. Ele era só amigo do ex-amor, mas tinha uma memória e tanto. Ela riu. Ele tirava umas coisas de dentro do baú e as contava como se tivessem ocorrido ontem.
Ele perguntou se ela queria ir ao parque, ela disse tinha uma canga. Ia perder o ER, tudo bem, reprisa às 23:00. Combinaram mais tarde. Iam se encontrar. Ele pegou um livro – sabia que não ia ler –, ela arrumou tudo na bolsa. Corre, que vai chover!
[ to be continued... ]
A tela da tv refletia toda disposição do sol lá fora. “A alegoria da caverna”, pensou e riu sozinho. Sem graça. Remexeu papéis velhos à procura de alguma rima a terminar, se cansou antes de encontrar. As paredes brancas, o chão branco, o pensamento branco. Era tédio, sem dúvida. Queria cor, barulho, movimento. Policromia de sensações.
Passou a mão pelo celular e descobriu que não havia ninguém para ligar. Como pode? Logo ele que conhecia o mundo inteiro. Olhou pela janela, andou de um lado para o outro. Não teve jeito, ligou o computador.
Ela estava toda molhada. Cabelos bagunçados e camiseta velha. Exausta de lavar o carro que, mesmo pequeno, nunca pareceu tão grande. Pelo menos voltara a ser preto e brilhante. “Que beleza!” É preciso dizer que ela odeia lavar o carro, mas foi a primeira coisa que pensou para sair daquele sofá preguiçoso. Lavar o carro realmente era o último dos seus planos pr`aquele final de tarde. Planos, todos os que tinha haviam ironicamente dado errado. “Melhor parar com isso.”
Saiu do banho se sentindo nova em folha. Cabelos molhados e perfume – nunca esteve tão linda, mesmo que ela não soubesse. Olhou os papéis em cima da mesa. Coisas para não esquecer: A amiga e suas dúvidas bovinas. Ela não gostava de bovinos, mas gostava da amiga. Ficou de ajudar. “Mais tarde.”
Tentou um ou dois números que lembrava de cabeça. Caixa Postal. O sol lá fora insistia em provocar todo movimento. Era exatamente o que precisava, movimento. Queria um pouco de desordem e barulho. Fitou o céu por um segundo. Silêncio... Silêncio. Ligou o computador, mesmo sem querer.
A tela azul reflletia em seus óculos, o bem-vindo do Windows não o convenceu. Era a última companhia que ele queria ter. Ligou a música mais o mais alto que podia, não queria ouvir nem seu pensamento. Deitou um pouco mais na cadeira, “é isso aí, como a gente achou que ia ser”.
Chegou a arrumar a bicicleta, carregou o iPod, trocou de roupa. Desistiu umas 10 vezes antes de sair. Não queria ir sozinho. Estava quase conformado em ficar em casa. Escolheu outro filme, pensou no livro queria terminar. Cantou com o rádio o refrão.
O apito do MSN quebrou o silêncio, mesmo com tanto barulho não havia nada a ouvir. “Can´t find a better man”. Se arrumou na cadeira, clicou sobre o nome. Fazia anos que não se viam. Poucas vezes se falaram nesses anos todos. Lembrava dos cabelos e das cartas nunca assinadas, pouco mais que isso. Ainda ontem estavam no vestibular. Era ela.
Estava entretida entre o mouse e o controle remoto, malditos seriados que não se consegue deixar de assistir. Estava com o laptop no colo, arrumando a toalha no cabelo, pensando em tudo que tinha que estudar. Ela era quase pós-doc, sempre havia algo a estudar. Achou estranho quando abriu aquela janela azul. Era ele dizendo olá. Respondeu mais por educação que por vontade. Tinha que secar o cabelo, colocar uma roupa, tinha que estudar. Ele perguntava se estava tudo bem. O ER já ia começar. Ele continuou falando. Perguntou o que ela andava fazendo, as novidades, os planos, as vontades. Lembrou de várias histórias, de coisas antigas. Ele era só amigo do ex-amor, mas tinha uma memória e tanto. Ela riu. Ele tirava umas coisas de dentro do baú e as contava como se tivessem ocorrido ontem.
Ele perguntou se ela queria ir ao parque, ela disse tinha uma canga. Ia perder o ER, tudo bem, reprisa às 23:00. Combinaram mais tarde. Iam se encontrar. Ele pegou um livro – sabia que não ia ler –, ela arrumou tudo na bolsa. Corre, que vai chover!
[ to be continued... ]
16 Comentários:
Waiting for...
Vc some.rs
?
lavar carro domingo de tarde as vezes é a única opção mesmo ...
bijus
tardes de domingo, sempre imprevisiveis...
nao fique tao ausente...
essas tardes e tardes das nossas vidas.
bjus
Me lembrei da música do Titãns - Domingo.
Ultimamente se fosse só os domingos seria até interessante! rs
(anciosa pela continuação)
:D
Beijo Better Man!
a propósito, vc está no Centro-Oeste?
tinha sim. tudo preto.
Domingos ?!
será que ia da certo ? será que ia da errado !
Beijo
Odeeeeeeeio "to be continued"!
Humpf.
tem mesmo, ou tinha...
as vezes até parece que a perdeu por aí ...
Mmmm...quero ler a continuação.
Bjos e bom resto de semana,
Paulinha
http://www.booperfly.fairy-tales.com.br
Quero ver a continuação!
=P
Cade ela??
bjos
Olááá, boa tardee...
faz duas semanas que estava sem net, voltou faz uns dois dias, por isso demorei para atualizar meu blog, mas voltei e está la atualizadinho hauhauha
obrigada por ter passado por la...
Hmmm... eu gostei do texto, escreve bem, de uma forma que é possível imaginar as cenas, e os personagens, quando vc postar a continuação avise, pra ser bem sincera qr matar uma futura Jornalista? Deixe-a curiosa com algo que ela esteja relmente interessada em saber huahua
Não, não... espero q poste em breve
ótimo fds
bjos
Cruel vc hein??? só pra gente ficar querendo ler o resto... =/
Tardes vazias... dias vazios... mentes vazias... nada que o simples acaso não possa mudar! =)
=*
Olá!
Digo, antes de mais nada, que amei seu blog, sua forma de escrever e esse conto! Gosto de histórias ricas em detalhes assim porque imagino cada cena, e acrescento algumas mais se bobear! Agora preciso voltar aqui pra terminar de ler. Até porque já quase fã!
Beijos e boa semana!
Tardes vazias são chatas, principalmente ao domingos, o melhor é uma companhia, mas quando não a temos, talvez a tela azul de boas vindas do Windows seja a melhor saída.
Espero a continuação....
Beijos!
eu adoro seu textos
sempre
sao leves, doces
mesmo melancolicos, fazem um bemmm
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