Diferentes
Diferentes
Por Júlio Bonrruquer Neto
Se conheceram por acaso. Ele escritor, um faz tudo como muito desses que existem por aí. Pulava de emprego em emprego como quem troca de camisa. Ela advogada, dedicada e inteligente como se exige dos bons advogados. Lutava pelos seus sonhos custe o que custar. Não tinham muito em comum além de morar no mesmo bairro. Bairro bacana, mas com o tipo de gente que não conhece os vizinhos. Eram quase vizinhos. Se conheceram na internet, de madrugada, por acaso. Ela procurava um amigo antigo, ele simplesmente não tinha nada melhor pra fazer.
Ele era bobo, apaixonado por tudo. Um desses românticos inveterados. Ela era interessante, não gostava de romance e morria de amores pelo gato e o gato não gostava dele. Ele gostava de bossa e de um sambinha no final de semana. Ela de bons livros, café bombom e full jazz. Realmente não tinham nada
Ela achava que ele guardava algum grande mistério. Ele só queria estar com ela. E mesmo sendo pessoas muito diferentes, resolveram se beijar. Ninguém ainda sabe porque, se foi o café, se foi o cheiro de chuva daquela madrugada, se foi a carência dos dois. O fato é que se beijaram, mesmo não devendo e foi um beijo bom. Era o fim de tudo, estavam condenados. Não havia espaço na vida dela para uma coisa como ele.
Ele era teimoso, persistente pra alguns, teimoso pra ele e mesmo sabendo de tudo isso ele apareceu de novo. Ficavam horas juntos, sempre no final da noite, namorando dentro do carro. Ela tinha medo da palavra namoro, ele não ligava. Ela nunca tinha beijado com trilha sonora, ele tinha mil canções pra cantar. Ela era linda, ele sabia admirar. Ele dizia, ela negava. Linda. Fizeram alguns planos e cumpriram alguns deles. Foram ao cinema, tomaram café. Café bombom.
2 Comentários:
Ah! História sem final não vale !
Pena que ela era advogada... ;)
Viajo nesses teus posts!
Bjs.
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