quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Drops 14 (da Fábia Vitiello)

Amei você doce e calmo, simples e lento. Não pude amá-la com força e com raiva, com rapidez e com o atropelo como você me amou. Não fui capaz da sua paixão, da sua renúncia, da sua dor, do seu desamparo. Não fui capaz da sua entrega, do seu abandono, da sua incrível confiança, do seu salto no escuro. Nunca pude pular no escuro, sem rede de segurança como você, que pula do alto das escadas, em todas as tinas d'água que lhe atraiam. Eu preciso de engenheiros de segurança presentes, pára-quedas, rede, serragem, roupa especial, capacete, aprovação da Câmara dos Deputados, carta do meu congressista apoiando, promessas que serão pagas com quilômetros de velas brancas, papéis assinados, firmas reconhecidas e uma porção de "nada consta". Preciso de segurança, de aplausos, de fatos. E você, que com sua absurda certeza, só precisava de mim e me fez sentir pequeno e estranhamente só. Eu não pude amá-la assim. Mas eu amei você muito, muito, da forma que eu soube, da forma que eu sei. Da forma que eu posso. Com vagar. Com alegria. Com sonho. Que pena que não era isso que você queria. Ou precisava.
***
Comentário do autor: Esse texto é demais!
Veja mais dela aqui!

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1 Comentários:

Às 26 de março de 2008 às 09:58 , Blogger Rita Loiola disse...

uia, é demais mesmo.

 

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