segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Paradoxo

Saindo da cidade me deparo com a seguinte placa: "O Restaurante Peixe Frito apresenta seu cardápio de sushi e sashimi"

Alguma coisa está errada, vai entender!

Ps1 - Deveria trocar o nome do restaurante para "Peixe Frito, ou não".

Praia!

Já que ninguém é de ferro, eu também tirei uns dias para ir a praia com a família. Como era de se esperar, foi uma comédia. A briga começa na hora de arrumar as coisas no carro - nunca capaz de levar tudo o que era previsto- e sua consequente negociação: "eu deixo e prancha se você não levar a mãquina de costura" ou "se esse edredon não for você não leva a tv". Uma vez vencida esta fase, agora está tudo bem. Inclusive tem sol.

Beijos e até o ano que vem!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Coisas...

Algumas coisas simplesmente transcendem o tempo, a razão ou qualquer outra medida lógica.

Eu gosto destas coisas.
Muito!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Constatação

Eu gosto de histórias sem final e de finais sem história.
Preciso arranjar uns meios.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Quando amanhece com sol

Quando amanhece com sol o dia é mais leve. De um jeito ou de outro, até os problemas percebem e a vida parece sorrir. Quando amanhece com sol eu levanto disposto à tudo e nenhuma das coisas parece difícil demais. É hora de revirar as gavetas do peito e tirar o pó sobre as estantes. Peito aberto, olhar distante. Quando amanhece com sol eu sou uma pessoa melhor. E você?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Diferentes

Diferentes

Por Júlio Bonrruquer Neto


Se conheceram por acaso. Ele escritor, um faz tudo como muito desses que existem por aí. Pulava de emprego em emprego como quem troca de camisa. Ela advogada, dedicada e inteligente como se exige dos bons advogados. Lutava pelos seus sonhos custe o que custar. Não tinham muito em comum além de morar no mesmo bairro. Bairro bacana, mas com o tipo de gente que não conhece os vizinhos. Eram quase vizinhos. Se conheceram na internet, de madrugada, por acaso. Ela procurava um amigo antigo, ele simplesmente não tinha nada melhor pra fazer.


Ele era bobo, apaixonado por tudo. Um desses românticos inveterados. Ela era interessante, não gostava de romance e morria de amores pelo gato e o gato não gostava dele. Ele gostava de bossa e de um sambinha no final de semana. Ela de bons livros, café bombom e full jazz. Realmente não tinham nada em comum. Ele falava durante os filmes e ela odiava o fato de ele a ficar encarando. Ele achava inevitável, ela irritação. Ele é sempre feliz, ela andava triste e o coitado achava que podia ajudá-la. Que o que ela precisava era de um pouco de amor e de riso. E isso ele tinha.


Ela achava que ele guardava algum grande mistério. Ele só queria estar com ela. E mesmo sendo pessoas muito diferentes, resolveram se beijar. Ninguém ainda sabe porque, se foi o café, se foi o cheiro de chuva daquela madrugada, se foi a carência dos dois. O fato é que se beijaram, mesmo não devendo e foi um beijo bom. Era o fim de tudo, estavam condenados. Não havia espaço na vida dela para uma coisa como ele.


Ele era teimoso, persistente pra alguns, teimoso pra ele e mesmo sabendo de tudo isso ele apareceu de novo. Ficavam horas juntos, sempre no final da noite, namorando dentro do carro. Ela tinha medo da palavra namoro, ele não ligava. Ela nunca tinha beijado com trilha sonora, ele tinha mil canções pra cantar. Ela era linda, ele sabia admirar. Ele dizia, ela negava. Linda. Fizeram alguns planos e cumpriram alguns deles. Foram ao cinema, tomaram café. Café bombom.


Ela ficou doente, ele preocupou. Se viram só um pouquinho. Ele assistiu televisão, ela se deitou. E a noite foi vazia sem ouvir sua voz, o telefone não tocou. Leu Drummond e dormiu cedinho. Era cedinho, ela ligou. Ele atendeu. Ela sem jeito, ele feliz. E se fez dia na noite dele e o sol surgiu. Ela tinha que pensar, ele aceitou. E foram trabalhar, ele não agüentou. Voltou pra casa e rimou esse texto. Texto sem final como a história que viveram.

Doação

Doação

Por Júlio Bonrruquer Neto


Nunca mais! Disse ela tentando afastá-lo. Nunca mais faça isso dizia enquanto tentava desembaraçá-lo de seu corpo. Justificava que nunca poderia retribuir e que não era justo que fosse desse jeito. Racional como sempre. Não sabe ela que essa é a magia da coisa toda, doação. o Amor não é equação matemática nem lei física. Não existe sinal de igual nem ação e reação. O ponto de partida é doar-se para o outro, entregar sua existência. Por um segundo, alguns minutos, uma vida inteira, tanto faz.


Só se precisa acreditar, como em Deus. Ter fé, aceitar como dogma. Sem prova, sem argumento, sem medo, sem opção. É tudo o que o amor precisa. Que se acredite nele acima de tudo. Acima do eu, acima do outro, acima do tempo. É preciso acreditar que é a única maneira de salvar a alma. Talvez não do inferno, mas do frio da rua, do escuro da noite, do cinza da chuva. O amor é seu caminho e nele acredita.

Marizote

Marizote
Por Júlio Bonrruquer Neto


Tudo bem que já não fosse a tia gorda. Tudo bem que não usasse tailleur cinza. Tudo bem até que em vez de maquilagem às vezes usasse olheiras. Mas aqueles malditos all star coloridos, não. Não era possível que aquilo fosse a nova professora de língua.


Se ainda fossem novos ou limpos tudo bem. Mas aquele maldito par de tênis não me saía da cabeça. Eu gostava do jeito que falava. Como todas as coisas sérias do mundo pareciam simples e objetivas quando ela sorria. Eu gostava dos poemas no final de cada aula e eu gostava de poder ajudar. Eu era representante de classe, sabe? Daqueles pau-pra-toda-obra. Mas eu não podia conceber o maldito par de all star amarelo.


All star amarelo não combina com norma padrão, preconceito lingüístico, como fazer. All star amarelo não combina com alguém que passou do segundo grau. A maquilagem cai muito bem com um par de brincos e a norma culta. Um par de saltos ficaria perfeito em sua complexidade verbal. Ao invés disso, os livros de poemas dentro da bolsa e o maldito all star.


A questão é que essa mulher nos conquistou. Ao contrário de outros que tentaram nos comprar com aparências e cargos importantes essa mulher nos conquistou assim mesmo de cabelos desarrumados, calças largas e all star amarelo. Não era possível. Preconceito lingüístico, a desconstrução.


Eu achava divertido quando ela dava suas broncas e achava terno quando pedia minha ajuda. Eu parecia mais perto do paraíso em poder ajudar. Entre as muitas coisas que essa mulher me ensinou, ela me ensinou a gostar dos all star estampados, do cabelo esvoaçante e das mil idéias que carrega na cabeça.


E esta história não acaba por aqui, ela continua me ensinando mais e mais. E quem sabe um dia, quando ela já tiver me ensinado bastante, eu possa escrever um texto digno de tudo aquilo que ela fez por mim.

Deserto

Deserto
Por Júlio Bonrruquer Neto


Não consigo mais escrever
todo encanto se foi.


A intermitente veia verbal
do oceano turvo que sinto
nem sei como


simplesmente secou toda tinta que escrevo.

Engasgou em mim
toda fúria dessa garganta-caneta


Não consigo mais escrever
do amor, sobrou nem grito
só coágulos de sentimento
é tudo areia, tudo sol
é tudo seca.

Paixão

Paixão

Por Júlio Bonrruquer Neto


Então é isso a paixão?

Que corrói e corrompe,

Ilude e destrói.

Que alegra e apaixona,

Faz sorrir e chorar.

Que movimenta montanhas

E gera revoluções.

Então é isso a paixão?
Que inspira e incita,

Que é bom e tanto dói.

Então é isso a paixão?

Que é ferro e é fogo,

Abrigo e descanso,

Que é pesadelo e desejo

E faz tão mal.

Que do amor, do teu corpo

Traz sempre o meu bem.

Então é isso, paixão

O que me faz viver?

Poemafim

Poemafim

Por Júlio Bonrruquer Neto

Esse era pra ser um poema assim,
Meio sem assunto, um poema afim.
Poderia ser escrito por qualquer um,
por você ou por mim.

Mas e aí? Não tem sentido?
Calma, tem sim!
É como eu já disse, é um poema afim.
Que rima com jasmim,
que a gente colhe no jardim
pra entregar pr`aquela menina assim

Aquela menina que a gente é afim!
Ta bom assim?
Num poema afim,
o fim é mais ou menos assim!

Agora é só você dizer sim!

Maldição

Maldição
Por Júlio Bonrruquer Neto

Maldito rádio! Essas coisas tristes
desse triste cara destruindo corações.
Ainda lembro teu sorriso:
tão eterno e tão fatal.
No papel algumas linhas
que não são prosa ou poesia
São saudade e só!

Malditas linhas que escrevo!
Me fazem lembrar você.
Essa coisa de indecisão,
de não saber o que se quer.
Essa coisa que arde
É saudade e só!

Neguei teu corpo e a lembrança
Sujei teu nome, te fiz chorar.
E no final, as minhas noites
Eram fogo e desejo
Eram saudade e só!

Vento

Vento
Por Júlio Bonrruquer Neto


você é sempre assim

como o vento

vem calminho

sopra

arrepia a gente da cabeça ao pés

e parte calminho como veio

deixando a lembrança

apenas nos pelos da gente

é assim que eu me sinto

quando você fala

calminha

e parte.


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